Publicada em: Blog do Jairo Buitrago - abril - 2013

http://jairo-buitrago.blogspot.com.br/2013/04/una-entrevista-eloisa.html

Eloísa e o jornalista Marcel Ventura, ilustrados por Rafael Yockteng

MARCEL VENTURA: Lembro bem de como foram difíceis seus primeiros dias nessa nova cidade, mas isso já faz tempo... Como você está se sentindo agora?

ELOÍSA: Hoje me sinto maior, minhas roupas ficaram pequenas. Aprendi a perceber as mudanças – as minhas, as da cidade e as das pessoas à minha volta. Às vezes, quando ando por aí vejo crianças solitárias, acanhadas, que passam por mim e penso: "Eu era assim!" E quer saber de uma coisa: me dá certa nostalgia, pois deixei pra trás muitos medos.

MV: Você chegou a imaginar que sua história poderia ajudar outras crianças que também perderam suas casas e até mesmo suas famílias?

ELOÍSA: Se você perde um brinquedo, alguém pode te ajudar a encontrá-lo. Mas se você perde sua família, encontrar outra novamente é muito mais difícil, pois você precisa abrir o coração para se aproximar e adotar novas pessoas. Se minha história puder ajudar crianças que perderam casa e família a abrirem de novo seu coração, será maravilhoso! E se apenas ajudar crianças a amarem os livros, também será maravilhoso!

MV: Soube que já conhecem sua história em muitos países do mundo, inclusive no Brasil. Você já esteve por lá?

ELOÍSA: Eu e meu pai passamos uma semana no Brasil. Conhecemos a gigantesca cidade de São Paulo, a maravilhosa cidade do Rio de Janeiro e muitos outros lugares muito lindos! Papai estava superocupado, por isso não pude fazer muitos amigos por lá, mas a Editora Pulo do Gato publicou minha história e agora as crianças brasileiras poderão me conhecer melhor. Por falar em gato, eu adoro vários bichos brasileiros: lobo-guará, arara-azul, mico-leão-dourado, tamanduá-bandeira, onça pintada...

MV: Com o prêmio White Ravens 2011, da Biblioteca para Jovens de Munique, muita gente do mundo todo vai saber de você. Para quais países você gostaria de viajar?

ELOÍSA: A todos. Em todos os países do mundo há alguém que acabou de chegar e essas pessoas se instalam e constroem, trabalham e cultivam, fazem com que os países cresçam e que nasçam bebês com carinhas novas. A lista do prêmio White Ravens 2011 escolheu os melhores livros de 52 países; a minha história poderia ser entendida em todos eles.

MV: Imagino que seu pai tenha levado você à Feira do Livro para Crianças e Jovens, em Bolonha, na Itália... Você encontrou muitos bichos estranhos por lá?

ELOÍSA: Muitos! Os seres que se dedicam aos livros para crianças são os mais estranhos de todos os bichos, mas me sinto muito bem com eles. Lá, pude conhecer algumas editoras de outros países que agora vão publicar minha história.

MV: Que conselhos você pode dar às pessoas que se sentem estranhas em um novo lugar?

ELOÍSA: Que respirem lentamente o novo ar, que observem e aprendam com os outros e que aproveitem o fato de saber que somos seres mutáveis e que todos podemos crescer, apesar das dificuldades da vida. Mas não vou dar muitos conselhos, não... No fundo eu continuo sendo uma menina muito, mas muito tímida...

* Entrevista publicada na revista El Librero, em abril de 2011 (Colômbia)