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FRRITT-FLACC POR PENÉLOPE MARTINS - TODA HORA TEM HISTÓRIA
Frritt-Flacc é um conto de escrita habilidosa que consegue conter enigma, violência e introspecção, numa narrativa demasiado curta para tal desafio. - Toda Hora Tem História - Abril/2014

Publicado em: Toda Hora Tem História - 17/04/2014

http://todahoratemhistoria.wordpress.com/2014/04/17/frritt-flacc/

 

“1.

Frritt!… é o vento que ruge, desgovernado.”

O que haveria em Nantes de tão especial para despertar no menino tamanha perspicácia? Certamente não foi o curso de direito o sustentáculo para seus atributos, embora eu tenha – por coincidência na formação – que confessar a importância das fúnebres lições em medicina legal tão letais como as punições lançadas em inquilinato.

O porto e as docas povoam a imaginação. Novamente devo concordar por experiência própria. Quando criança, meu avô resolveu morar na Cidade de Santos praticamente em frente ao embarque da balsa. O odor da maresia era tão forte que não nos atraia o apetite nada além de peixes, crustáceos, moluscos… O mar é sempre imperioso.

Estou às voltas com Júlio Verne de quem conheço o mínimo mas que já serve ao máximo.

Em sua biografia de uso rápido – obtida na frivolidade da internet – encontro a informação preciosa de que ele passou a se interessar mais pelo teatro do que por leis. Devo explicar aos senhores que se trata de um grande equívoco tal descrição. Quem se interessa um dia por leis anteriormente já estava interessado em teatro.

Livros de opereta, pequenas histórias de viagens, um pai arredio a cortar auxílio financeiro e um emprego como corretor. 

A vida de um grande escritor só parece fácil quando ele vira verbete em dicionário de literatura. De resto, são as duras penas com o refresco de poder ser amigo de Alexandre Dumas e Victor Hugo. Sim, não parece de todo mal.

Júlio Verne construiu uma literatura de impecável riqueza descritiva. Não importa se o gênero ficção não agrada o leitor, mesmo nela Verne alcança nossa pineal com uma bandeira.

Viagens extraordinárias, a vida num balão e tantas léguas submarinas… Não há quem tenha escapado de Júlio Verne. Mesmo aquele que levanta a voz enquanto lê esse texto para dizer que não leu nada do autor. Não importa, de alguma forma Verne chegou até você e fincou uma bandeira.

Mas o que me pergunto é, será que todos os leitores de Verne podem vislumbrar a interrogação filosófica que ele propõe com sua obra? Afinal de contas toda nossa compreensão depende do binômio espaço e tempo, o que não é difícil de desconstruir para Verne.

E olha eu aqui falando do homem como se fôssemos íntimos. E nem somos. E eu nem gostaria que fôssemos (mentira).

“Flacc!… é a chuva que cai, em torrentes.”

No meio daquela noite de frritt-flacc, o doutor Trifulgas tem seu sono interrompido.

“Froc!… Uma batida discreta é ouvida na estreita porta dos Seis-Quatro, situada na esquina esquerda da rua Messaglière. É uma das casas mais confortáveis – se é que a palavra conforto já não caiu em desuso em Luktrop…”

A resposta do doutor ao pedido de socorro revela quem detém a proficiência para salvamento de vidas:

” – Vão para o inferno, seus inoportunos!”

Júlio Verne para crianças? Ah pare com essas classificações equivocadas. Frritt-Flacc é Júlio Verne,  e pronto. Quem tiver tutano que leia, quem puder filosofar que o faça.

Frritt-Flacc é um conto de escrita habilidosa que consegue conter enigma, violência e introspecção, numa narrativa demasiado curta para tal desafio. O protagonista nos conduz pela vileza da alma mesquinha sem esquecer de reencontrar o perdão na vulnerabilidade da própria vida.

Ilustrado por Alexandre Camanho, ilustrador paulista que ganha a simpatia do leitor mais atento às páginas biográficas, uma vez que ele descreve seu trabalho para o livro como ‘penadas e rajadas de ventos carregadas de extrato de nogueira’ para nascer personagens em redemoinhos. Uau. Acho que Júlio Verne gostaria de l(v)er isso.

Um livro para TER com gosto de quero-mais.

Frritt-Flacc leva o selo altivo da editora paulista PULO DO GATO.



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