Com o propósito de ajudar a irmã a decifrar o conteúdo das cartas que recebia, e contando com a ajuda do dono da mercearia, uma menina começa a descobrir o que as letras e as palavras significam, e não demora muito para que um mundo novo de possibilidades se abra para ela e para todos os habitantes de seu povoado.
Essa é a história que uma mãe conta ao filho ao se lembrar da própria infância e de como aprendeu a ler e a escrever. Ao contar uma história dentro de outra história, esta narrativa nos relata também como os habitantes de pequenos povoados e de comunidades quilombolas puderam ter acesso à língua escrita sem que para isso tivessem que perder o vínculo com suas tradições mais genuínas. Dentro desse contexto, a narrativa ultrapassa os limites da vida pessoal da narradora para abarcar questões sociais importantes a toda comunidade, como o direito à leitura e escrita para erradicar a exclusão social gerada pelo analfabetismo.
Os desenhos de Juan Palomino reforçam a importância de valorizar a cultura local, em que crianças e adultos brincam, trabalham e se divertem em meio a uma natureza exuberante, festejando e compartilhando a vida e os saberes ancestrais. O livro baseou-se nos relatos de mães comunitárias durante oficinas de leitura ministradas pela autora.